Introdução
Este livro relata minha história, minha dura realidade feita não só de momentos de desespero e tristeza, mas de momentos de alegria e esperança. Relato toda a luta que enfrentei contra minha deficiência visual. Esta deficiência foi algo que destruiu em parte meus sonhos de adolescente, mas me ensinou muitas coisas.
Assim a leitora e o leitor poderão acompanhar toda a trajetória vivida e ao mesmo tempo entender um pouco dos sentimentos e das dificuldades de quem se descobre perdendo a visão. É uma experiência difícil de relatar e de fazer entender, mas achei que valia a pena contar um pouco do que vivi.
A finalidade deste escrito é mostrar através de meu sofrimento e luta, a grande importância de não desistir jamais das coisas que podemos conseguir e sempre crer em Deus e no amanhã.
Tenho a certeza que de alguma forma as palavras escritas neste livro poderão servir de incentivo para você que enfrenta um problema parecido com o meu. Se isso acontecer, darei por bem empregado meu tempo e os esforços para redigir este texto.
Maria S.C. Filha
Um pouco de minha vida
Nasci e cresci em Triunfo, uma cidadezinha localizada no interior de PE a 400 Km da capital do estado, Recife.
Triunfo é um lugar pacato com uma população pequena, mas um lugar gostoso, verde, ar puro, céu azul, um refúgio para quem busca paz e tranqüilidade.
Minha infância e adolescência em Triunfo foi cheia de aventuras junto a natureza, brinquei com borboletas, passarinhos, adorava prende-los e depois solta-los só para admirar a altura do seu vôo. Tomei longos banhos de cachoeira, brinquei de balanço feito em arvores pelo meu irmão mais velho. Tai uma época em que nada mais importava, apenas a liberdade de correr e brincar em meio a tanta natureza.
Hoje, passado algum tempo onde muita coisa mudou continuo gostando e admirando muitas coisas na minha terra natal, como o entardecer cheio de andorinhas voando no céu durante o verão, o lago no centro da cidade que chamamos de (açude) as comidas típicas da região enfim coisas que agente nunca esquece.
Mas, naquela época a nossa situação financeira era muito difícil, meu pai pedreiro, minha mãe dona de casa. Passamos por muitas necessidades. Meus pais tiveram que enfrentar uma batalha para criar seis filhos.
Eu a mais nova e a escolhida para o que posso chamar de verdadeira pobreza. Uma deficiência visual onde só foi descoberta no auge da minha adolescência onde já vinha enfrentando a difícil jornada de acompanhar minha mãe com um sério problema de visão, triste, depressiva, se sentindo cada dia pior e com tantos outros problemas de saúde, presenciei com oito anos um forte crise de pressão alta onde ela ficou em estado de choque. Tive tanto medo, acho que foi a primeira vez que tive medo de perder alguém que amo tanto.
A partir daí acompanhei com ela nos meus braços outras crises que nunca saíram da minha memória. Hoje infelizmente minha querida mãe tem apenas 10% de visão.
Quando o meu problema se agravou tive em casa um exemplo de fé, força e coragem. Essa foi uma das coisas que me ajudou a entender ou aceitar a minha situação de vida naquele momento.
O que mais me entristece, apesar da pobreza visual que enfrentei e hoje a riqueza de ter uma nova visão devido ao transplante de córneas é o fato de não poder ajuda-la a sentir o sabor a riqueza de obter de volta a luz da visão algo que ela está perdendo a cada dia.
Quem se encontra com a visão comprometida, entende ainda melhor do que estou falando. Sei que nada posso mas Deus pode tudo.